quinta-feira, 6 de outubro de 2022

 

          EMDR: Terapia de Dessensibilização e Reprocessamento

       Este texto é um resumo adaptado com passagens retiradas do livro “EMDR: Terapia de Dessensibilização e       Reprocessamento por meio dos Movimentos Oculares”, de Francine Shapiro, 3ª ed., 2018.

       A sigla EMDR significa Terapia de Dessensibilização e Reprocessamento por meio dos

Movimentos Oculares.

       Uma das premissas básicas do EMDR é que a maior parte das psicopatologias decorre das

experiências iniciais de vida. O objetivo desse tratamento é metabolizar, de forma rápida, o

resíduo disfuncional do passado e transformá-lo em algo útil.

        Com o EMDR, a informação disfuncional oriunda do trauma sofre uma modificação

 espontânea em sua forma e conteúdo, incorporando insights e afetos que acrescentam algo ao

 cliente, ao invés de reforçar a autodepreciação. O sistema inato de processamento de

 informações do cliente é chamado a agir para levar a cabo a resolução do problema que o

aflige.

        Outros tipos de estímulos, além dos movimentos oculares, têm demonstrado serem

 também efetivos no tratamento psicológico, como, por exemplo, a estimulação bilateral tátil e

 auditiva.

       A Organização Mundial de Saúde e a Sociedade Internacional para os Estudos do Estresse

Traumático, entre outras, têm dado ao EMDR o status de uma terapia padronizada,

 empiricamente embasada e efetiva no tratamento do trauma psicológico.


       O propósito da terapia EMDR é liberar o cliente de seu passado para um presente saudável

 e produtivo. Atenção criteriosa é dada às imagens, crenças, emoções, sensações físicas,

 aumento da consciência, estabilidade interna, resiliência e sistemas interpessoais, a fim de

 transmutar experiências ruins em experiências de aprendizagem adaptativa.

       Alguns traumas podem causar medo, culpa ou vergonha, e as respectivas sensações

 corporais associadas. Podem produzir imagens intrusivas, insônia, pesadelos, pensamentos

 ou crenças negativas que o cliente tenha a respeito de si mesmo, levando-o a evitar ações que

 gostaria e poderia realizar com maior facilidade, como falar ou se apresentar em público,

 andar de avião, de elevador, estabelecer novos relacionamentos, empreender novos projetos,

 cuidar de sua saúde.

       A terapia EMDR é usada para (1) ajudar o cliente a aprender com experiências negativas

 do passado, (2) dessensibilizar gatilhos presentes, que perturbam a pessoa de forma

 indevida e (3) incorporar modelos para ação futura, que permitam ao cliente realizar-se

 individualmente e dentro de seu sistema interpessoal.

       O uso da terapia EMDR tem se mostrado altamente eficaz em traumas graves, mas a

 experiência mostra com clareza que experiências precoces perturbadoras, de todos os tipos,

 podem ter efeitos negativos e duradouros semelhantes. Por exemplo, se permitirmos que

 nossas mentes voltem à infância e tragam um incidente humilhante, muitos de nós

 descobriremos que ainda sentimos o rubor da emoção ou seremos invadidos exatamente pelo

 que pensávamos na ocasião, sentimos o nosso corpo estremecer.

       De acordo com o modelo do EMDR, diríamos que tal evento foi processado de forma

 inadequada, e isso afeta nossas percepções e ações do presente, quando semelhantes àquelas

 vividas, de modo que provoca sensações, pensamentos e ações involuntárias, semelhantes ao

 padrão daquelas experenciadas na época em que o evento ocorreu. Reagir com negatividade à

 autoridade, aos grupos, às novas experiências, pode ter relação com as memórias que

 carregamos do passado.

       Quando a vivência de um evento é processada de forma adequada, lembramos dele, mas

 não experimentamos as velhas emoções e sensações no presente. Somos orientados - em vez

 de controlados - por nossas lembranças e temos mais escolhas em relação ao que esperar do

 futuro.

       Existem situações, quando a dor de uma vivência traumática foi forte demais para o

 psiquismo da pessoa, em que ela dissocia para se proteger daquilo que não suporta lembrar,

 reprime de tal forma, que nem ela percebe que as memórias seguem produzindo estragos. A

 pressão, os efeitos daquelador associada à memória, nas suas crenças limitantes, seguem

 interferindo, de modo automático,sem que ela se dê conta sozinha, e, assim, ela necessita de

 ajuda terapêutica.

      Uma pessoa pode ficar bloqueada na perspectiva da infância e perceber o presente de um

 ponto de vista semelhante de desvantagem, falta de segurança ou falta de controle, só que a

 realidade mudou desde quando os fatos traumáticos aconteceram e o cérebro da pessoa

 traumatizada pode não ser capaz de perceber nem assimilar isso.

     O terapeuta EMDR pode, portanto, identificar os eventos que foram armazenados de forma

disfuncional, que atrofiam e distorcem as percepções presentes do cliente, e auxiliar no

processamento destes, ajudando o cliente a metabolizar os estressores.

       Em estudos controlados de TEPT (Transtorno de Estresse Pós-traumático), realizados com

 pessoas que se submeteram à terapia EMDR, os indicadores de autoeficácia e bem-estar

 aumentaram, enquanto que a depressão e a ansiedade diminuíram.

       Embora em alguns casos, os efeitos possam surgir de modo imediato, em outras situações

 pode demorar mais e, em alguns casos, pode não se aplicar. Enquanto pessoas, somos seres

 complexos e muitas variáveis podem interferir, além da genética, da personalidade e dos

 ganhos secundários que  obtemos ao nos acomodar numa situação.


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