domingo, 6 de novembro de 2022

 TERAPIA EMDR, TCC e SISTÊMICA.


Traumas, perdas, fobias, depressão, ansiedade, insônia, competências para projetos atuais e futuros.  Dificuldades com relacionamentos. Autoregulação emocional.
                                   Individual e de casal.

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     Terapia de casal

             Adriana Cerato Germann – Psicóloga individual e de casal, EMDR – Reprocessamento de Traumas; Terapia Sistêmica e TCC – Cognitivo Comportamental 51 991688043

      Fragmentos tirados do livro Casal em foco-  um olhar clínico, abrangente e integrativo. Silvana Ricci Salomoni

     Um casal é um sistema em movimento, com possibilidades e limitações, encaixes e desencaixes, carregando padrões, histórias, potenciais, limitações e crenças, traumas e suas repercussões.

      O modo como cada ser humano vivenciou suas relações familiares, nas diferentes fases do ciclo vital serve de base para os relacionamentos adultos.

     A terapia sistêmica aborda o espaço intrapsíquico, interpessoal e intergeracional, mantendo olhares para as relações do casal e para cada um deles em particular.

     A possibilidade de treinar habilidades de comunicação, de resolução de conflitos, solução de problemas e autorregulação emocional permite um salto de maturidade na relação do casal.

     Baseado na premissa de que cada um pode manter o outro onde está, através de estímulos e respostas que vão criando condicionamentos, é possível promover mudanças, estimulando tomada de consciência e alterações nos padrões de interação.

     Temos tendência a subestimar a importância e o impacto das vivências infantis na qualidade da nossa vida adulta.  Se essas vivências resultaram em estilos de apego inseguro ansioso, inseguro evitativo ou mesmo desorganizado, podem criar obstáculos muito difíceis de superar e promover a tendência à repetição.

     A terapia, assim como a aprendizagem, constrói novas redes neurais, promovendo a plasticidade necessária para se estabelecer vínculos mais saudáveis para se relacionar amorosamente.

     As representações mentais registradas a partir das experiências infantis funcionam como crivos, moldando a forma pessoal de relacionar-se na vida adulta, prevendo condutas e deduzindo intenções.  As experiências traumáticas vivenciadas durante a vida interferem significativamente na capacidade de relacionar-se de forma saudável, pois mudam o cérebro ao longo da vida.

     A integração do córtex pré-frontal com o sistema límbico resulta em bem estar emocional e bons relacionamentos.  Para que isso se torne uma forma natural de agir, é preciso cultivar a autorregulação, autoconhecimento e empatia humana, o que favorece uma forma mais consciente de estar no mundo e de viver em sociedade.  Perceber como nos sentimos é um importante ponto de partida.

     Regulação emocional e apego parecem andar de mãos dadas. Olhar nos olhos um do outro, revela interesse e reforça as conexões emocionais, nos momentos em que se encontram mais fragilizados. 

     As experiências repetitivas tornam-se codificadas em memória implícita sob a forma de expectativas.     Posteriormente, organizam-se como modelos mentais ou esquemas de apego, que servem para a criança formar um senso interno de base segura no mundo. 

     A forma como a criança vive influirá nas maneiras de enfrentar futuras situações de rejeição, separação e perda, já que o comportamento de apego apresenta função biológica vital durante toda a existência, influenciando padrões de afeto e relacionamentos na fase adulta.

     O padrão de apego seguro facilita a integração das diferentes experiências que a criança vive enquanto cresce, desenvolvendo um sentido de si próprio coeso e centrado, em bases que favorecem a regulação emocional e estilo de interação adequado ao longo do ciclo vital.

     Um adulto com apego seguro não está “vacinado” contra os sofrimentos que ocorrem a todos nós, os comuns ou os extraordinários, porém tende a apresentar estratégias de enfrentamento das dificuldades com boa segurança interior e capacidade de autorregulação emocional.  O estilo de apego seguro permite aos parceiros conjugais a sensação de existir na ausência um do outro ao mesmo tempo em que se percebem desfrutando a presença um do outro.

     A pessoa com estilo de apego inseguro ansioso evitativo vivenciou falta de disponibilidade e comprometimento emocional no início de sua vida e reagiu a isso procurando reprimir suas necessidades e evitando proximidade com figuras de apego emocional. Portanto, esta será uma tendência marcante de conduta em seus relacionamentos conjugais. São pessoas que evitam proximidade emocional com o parceiro, guardando distância nos momentos em que o outro mais anseia por proximidade. 

     Alguém com estilo de apego inseguro ansioso ambivalente tende a mostrar agarramento ansioso ao parceiro conjugal , podendo perseguir, sufocar emocionalmente e até mesmo ameaçar o outro caso ele se afaste mais do que a pessoa consegue suportar.  No entanto, ao estar próximo do ser amado, demonstra dificuldade para usufruir a intimidade emocional com o outro.

     A continuidade da relação tende a ser muito penosa para quem partilha a vida com alguém sob apego inseguro ansioso ambivalente.   A pessoa com esse estilo de apego confunde o outro com sua inconstância, provoca aumento de estresse com a falta de estabilidade de afetos e mostra impedimentos na proximidade emocional.  

     O apego desorganizado aparece com freqüência em adultos que apresentam traumas precoces.  Muitas dessas pessoas vivenciaram situação de abuso continuado por suas figuras de apego primário.

     Negligência ou maus tratos sofridos por uma criança são desorganizadores.  O trauma rompe a linha natural de desenvolvimento infantil, encaminhando a criança para riscos persistentes de desregulação.

     O casal com um dos membros marcadamente traumatizado vive situações e conseqüências que interferem de várias formas na relação.  A pessoa com trauma pode apresentar muitos sintomas e limitações, incluindo doenças psicossomáticas e dificuldades variadas até mesmo quando precisa resolver coisas cotidianas da vida. 

     Os traumas de apego, quando reprocessados costumam promover diferenças marcantes na vida.

     O relacionamento conjugal pode ser curativo, mas também pode ser tóxico. Eis a importância da terapia de casal.

     “Passar do modo de luta pelo poder para o empoderamento relacional significa que ambos tentam tirar o melhor de si em vez de “melhorar” o outro”.  Mona Fishbane.

     A capacidade para lidar com frustrações, emoções e relacionamentos faz muita diferença na forma de conduzir a vida enquanto crescemos e na fase adulta.

    Inteligência emocional pode ser entendida como a capacidade de criar motivações para si próprio e persistir em um objetivo apesar das dificuldades; controlar impulsos e saber aguardar pela satisfação dos desejos; manter-se em bom estado de espírito e impedir que a ansiedade interfira na capacidade de raciocínio, empatia e autoconfiança.  

     O mundo moderno da forma como está constituído parece um convite para atitudes sem controle, e as pessoas impulsivas precisam fazer um esforço enorme para resistir a tentações de toda ordem.

 

 

     Quem apresenta bom nível de inteligência emocional é capaz de focar em si, nos demais e no entorno, segundo requeira a situação, de forma flexível e concentrada. 

     Eleger com clareza as prioridades da vida ajuda a ter bom êxito nos resultados quando eles demandam autocontrole.

     A autogestão emocional permite o bom gerenciamento de nossas emoções e a motivação concentrada nas metas que definimos para nós mesmos, com boa capacidade de adaptação e iniciativa.

     A palavra trauma nomeia sofrimento psíquico. A terapia EMDR tem ajudado muitas pessoas a superarem eventos difíceis da vida, transformando a si mesmas e as relações.

     Além de alterar o funcionamento biológico e psicológico dos indivíduos, os traumas também mexem constantemente com as dinâmicas conjugais, familiares e sociais. 

     “No trauma o cérebro perde a capacidade de distinguir o passado do presente e, como resultado, não consegue adaptar-se para o futuro.” Robert Scaer

     O trauma tem o potencial de afetar nosso sentimento básico de estabilidade, segurança, confiança em nós mesmos, nos demais e na vida em geral.   As pessoas traumatizadas desenvolvem crenças negativas e percebem seu horizonte estreitar-se com a limitação de escolhas que julgam estar a seu alcance e ao alcance dos demais. 

     A natureza traumática das experiências é determinada pelos significados que a pessoa lhes atribui, e esses significados são baseados em eventos negativos já vividos, especialmente no período da infância, com toda a vulnerabilidade característica dessa fase.  Assim, o trauma é um contínuo de variadas experiências negativas de vida. (SCAER,2005).

     As reações individuais frente a eventos potencialmente traumáticos estão relacionadas com as experiências prévias da pessoa.  Ficar traumatizado ou não vai depender da forma como o indivíduo se sente em relação à ameaça enfrentada, das suas experiências de vida e do contexto em que o evento ocorreu. 

     “Muitas experiências de infância são infundidas de um sentimento de impotência, falta de opção, perda de controle e inadequação.”(SHAPIRO, 2007,p.77).

     Nós nos relacionamos com as pessoas mais próximas a partir de expectativas que estão muito ligadas ás nossas experiências infantis, e isso ocorre de forma automática. 

     O tratamento de traumas pode libertar os membros de um casal para a vivência de relações conjugais muito mais criativas, com maiores possibilidades e menos impedimentos.       

     Processar traumas precoces que favoreçam as relações de apego ou mesmo traumas mais tardios, resulta em maior estabilidade e mais alternativas de ação, amplia as possibilidades de renegociar pontos de atrito na relação de casal.

     As memórias que carregamos são a base de nossa percepção do mundo, incluindo as felizes e as mais difíceis. Entre estas, existem as que foram processadas adaptativamente e as que permaneceram armazenadas sob a forma de memórias traumáticas.  Portanto, os traumas fazem parte de nossos “óculos” usados para ver a vida e a partir deles nos relacionarmos com os parceiros conjugais.  

    Os estilos de apego e comportamentos interpessoais dentro de famílias, uma vez estabelecidos são autorreforçadores e persistentes.

     A família adaptativa tem fronteiras adequadas favorecendo ligação e autonomia comparável ao apego seguro. 

     A família superenvolvida tem fronteiras difusas, compatível com apegos ambivalentes. 

     A família desengajada, com suas ligações tênues, está relacionada com apego evitativo. 

     A família caótica revela desorganização nos apegos. 

     Relacionamentos familiares com apego seguro facilitam o desenvolvimento saudável do sentido de pertencimento e de autonomia de seus membros.   Elementos básicos para a formação e desenvolvimento da identidade.

     O desejável é que na vida adulta a pessoa seja relativamente autônoma no geral e capaz de desenvolver e manter relacionamentos saudáveis.  Com isso pode rever o que for preciso no sentido de alterar o significado das vivências de sofrimento, ou mesmo as que se revelam disfuncionais no presente de sua vida.  A pessoa pode alterar seu funcionamento interior e mudar relacionamentos e atitudes por vontade própria, buscando ajuda psicoterápica quando necessário, a ponto de poder lidar com os fracassos, traumas e dificuldades de forma adulta. 

 

  

     Uma boa relação tem o poder de fornecer o ambiente necessário para facilitar a autorregulação em situações de necessidade, ativando um estilo de apego seguro que a pessoa eventualmente tenha algum registro de haver vivenciado.

     A pessoa que possui bons relacionamentos está em vantagem, já que relações nutridoras resultam em melhor saúde física, melhora da função imunológica e maior resistência ao estresse. 

     É preciso intenção (foco) e treino para estarmos conectados sistemicamente com a vida.

     O relacionamento conjugal saudável cria um espaço especial para que os dois sigam no processo de diferenciação, contando com o apoio um do outro, desde que consigam exercitar intimidade e autonomia dentro da relação.  

     Muitas pesquisas nos mostram a importância de uma relação conjugal estável, flexível e satisfatória para os dois, com conseqüências positivas na qualidade de vida, nos índices de felicidade e na saúde física do casal.

     Regulação emocional permite que o indivíduo mantenha uma janela de tolerância para o afeto, não se tornando extremamente estimulado nem desestimulado e nem sobrecarregado e nem com as emoções amortecidas.

     A continuidade e o crescimento de um relacionamento conjugal gratificante implica melhoria na intimidade.   Isso requer autenticidade com autorrevelação e aprofundamento no conhecimento do outro e na confiança mútua.

     A sintonia com o outro, a confiança e a intimidade estão na base da formação dos estilos de apego estabelecidos na infância.

     Casais em relacionamentos com pouca confiança mútua apresentam taxas mais altas de mortalidade do que nos casamentos com mais confiança. 

     Para estabelecer e fortalecer uma relação empática com um companheiro, é preciso intenção e foco de intenção compartilhado, o que inclui a sintonia física.  A empatia pode ser buscada e fortalecida no casal. 

     O relacionamento conjugal, por sua natureza de proximidade, pode potencializar os sentimentos tanto de pertencimento quanto de rejeição oriundos da infância e da adolescência . A autopercepção e autorreflexão nos encaminham para um padrão preponderante de honestidade e de humildade e nos afastam de falsos padrões de perfeição e de invulnerabilidade.

     As diferenças podem enriquecer um relacionamento – tudo depende da forma como se lida com elas.

     Sem confiar em si próprio torna-se difícil confiar no companheiro. A pessoa com apego inseguro que se une a alguém com apego seguro pode aos poucos ir desenvolvendo mais segurança no vínculo.  Mas, para que esse amor aconteça é preciso cuidar da relação a dois, o que inclui o contato físico.

     Diferenciação, maturidade e apego seguro, quem se desenvolve de maneira sadia nesses aspectos está mais bem preparado para administrar um relacionamento conjugal que seja gratificante para ambos.

     Fishbane (2011) distingue três formas de poder no casal: “poder sobre”, “poder para” e “poder com”. 

     O “poder sobre” inclui ameaças, violência física, intimidação, humilhação, depreciação, dominação, indiferença e culpa.

     O “poder para” diz respeito á flexibilidade, capacidade reflexiva, responsabilidade, receptividade, regulação emocional, diferenciação e respeito durante um conflito.

      O “poder com” inclui a responsabilidade relacional compartilhada, empatia, aceitação de diferenças, cuidado, generosidade, reparação e perdão. 

     Casais em crise geralmente se enredam em lutas de “poder sobre” o outro.  Quando um dos membros do casal se sente desregulado e frustrado por falta de empatia do outro, pode recorrer às táticas de “poder sobre”. 

     O “poder com” envolve a capacidade de cooperação e cuidados.  “Poder para” e “poder com” favorecem o encontro e as relações íntimas e evita que os dois usem condutas de “poder sobre” o outro.

     A diferenciaçao é um aspecto importante do “poder para”. Alguém que já resolveu os problemas mais difíceis trazidos da família de origem liberou recursos para o empoderamento relacional.  Assim, pode lidar com as diferenças do parceiro e manter respeito e generosidade mesmo que lhe cause incômodos.

     À decepção no casamento podem seguir-se a resignação e a falência da relação, ou então, pode seguir-se a reparação com ajuda profissional. Nesse caso, será necessário a revisão e a alteração dos papéis estabelecidos, a abertura da comunicação e da negociação, com revisão dos limites éticos do relacionamento.

     A reflexão nos ajuda a olhar para trás e para dentro, para o que aconteceu.   Distância reflexiva e liberdade para assumir a responsabilidade pelas ações e pelos sentimentos.

     É importante que o casal reconheça seus conflitos recorrentes e aprenda a buscar soluções com respeito e tolerância, ainda que ocorram brigas. A resolução dos conflitos fortalece a intimidade e a parceria quando a briga evolui de forma produtiva.

     Brigar por questões do presente, ouvir e refletir, pode-se usar a briga pra conhecer desejos e expectativas do outro.

     Os reparos são atos simples como contar uma piada, fazer um elogio, dar um aperto de mãos, fazer uma pergunta ou dirigir a atenção do outro para alguma coisa boa que esteja acontecendo no entorno.  Reparos criam espaço para que o companheiro que saiu da sua janela de tolerância possa autorregular-se com a ajuda do parceiro.  

     Ser íntimo de alguém não significa vivenciar uma conexão estática, mas, sim, poder oscilar entre conexão, desconexão e reconexão com segurança e criatividade.

     Os casais que parecem agir como adversários em vez de amantes estão presos no que é conhecido, em termos técnicos, como um estado absorvente de negatividade. Isso significa que a probabilidade de entrarem nesse estado é maior que a probabilidade de saírem dele. Em outras palavras, ficam estagnados. 

     Podemos ajudar os casais a perceberem que as memórias implícitas que cada um carrega moldam a forma como percebem e interpretam as ações um do outro.

    Desconstruir o ciclo de reação com o casal é o primeiro passo para a mudança. 

     A psicoterapia conjugal tem como alvo mais do que resolver problemas.  Busca ampliar a compreensão e mudar padrões viciados e disfuncionais.  

     Buscar a integração interna, externa e com o outro fortalece a resiliência do casal, pois gera mais criatividade e flexibilidade para ambos e para a relação.

     O terapeuta não trata um casal-objeto, lida com dois indivíduos que julgam ter uma relação de casal problemática e que confirmam essa relação atribuindo-lhe dificuldades mais ou menos definidas.  

    As intervenções terapêuticas podem salientar as forças saudáveis do casal e promover mudança dos dois para estados mais positivos. 

     Os dois podem ser estimulados a buscar alternativas para solução dos problemas e melhora na comunicação.   Espaço para desafiarmos significados arraigados que emperram as mudanças desejadas.  Através da criação e do desenvolvimento de novas narrativas, ocorre o fortalecimento da resiliência individual e conjugal.

     Mais importante do que os problemas que os casais apresentam são os impedimentos que carregam para resolve-los.

 

 

 

 

 

 

quinta-feira, 6 de outubro de 2022

 

          EMDR: Terapia de Dessensibilização e Reprocessamento

       Este texto é um resumo adaptado com passagens retiradas do livro “EMDR: Terapia de Dessensibilização e       Reprocessamento por meio dos Movimentos Oculares”, de Francine Shapiro, 3ª ed., 2018.

       A sigla EMDR significa Terapia de Dessensibilização e Reprocessamento por meio dos

Movimentos Oculares.

       Uma das premissas básicas do EMDR é que a maior parte das psicopatologias decorre das

experiências iniciais de vida. O objetivo desse tratamento é metabolizar, de forma rápida, o

resíduo disfuncional do passado e transformá-lo em algo útil.

        Com o EMDR, a informação disfuncional oriunda do trauma sofre uma modificação

 espontânea em sua forma e conteúdo, incorporando insights e afetos que acrescentam algo ao

 cliente, ao invés de reforçar a autodepreciação. O sistema inato de processamento de

 informações do cliente é chamado a agir para levar a cabo a resolução do problema que o

aflige.

        Outros tipos de estímulos, além dos movimentos oculares, têm demonstrado serem

 também efetivos no tratamento psicológico, como, por exemplo, a estimulação bilateral tátil e

 auditiva.

       A Organização Mundial de Saúde e a Sociedade Internacional para os Estudos do Estresse

Traumático, entre outras, têm dado ao EMDR o status de uma terapia padronizada,

 empiricamente embasada e efetiva no tratamento do trauma psicológico.


       O propósito da terapia EMDR é liberar o cliente de seu passado para um presente saudável

 e produtivo. Atenção criteriosa é dada às imagens, crenças, emoções, sensações físicas,

 aumento da consciência, estabilidade interna, resiliência e sistemas interpessoais, a fim de

 transmutar experiências ruins em experiências de aprendizagem adaptativa.

       Alguns traumas podem causar medo, culpa ou vergonha, e as respectivas sensações

 corporais associadas. Podem produzir imagens intrusivas, insônia, pesadelos, pensamentos

 ou crenças negativas que o cliente tenha a respeito de si mesmo, levando-o a evitar ações que

 gostaria e poderia realizar com maior facilidade, como falar ou se apresentar em público,

 andar de avião, de elevador, estabelecer novos relacionamentos, empreender novos projetos,

 cuidar de sua saúde.

       A terapia EMDR é usada para (1) ajudar o cliente a aprender com experiências negativas

 do passado, (2) dessensibilizar gatilhos presentes, que perturbam a pessoa de forma

 indevida e (3) incorporar modelos para ação futura, que permitam ao cliente realizar-se

 individualmente e dentro de seu sistema interpessoal.

       O uso da terapia EMDR tem se mostrado altamente eficaz em traumas graves, mas a

 experiência mostra com clareza que experiências precoces perturbadoras, de todos os tipos,

 podem ter efeitos negativos e duradouros semelhantes. Por exemplo, se permitirmos que

 nossas mentes voltem à infância e tragam um incidente humilhante, muitos de nós

 descobriremos que ainda sentimos o rubor da emoção ou seremos invadidos exatamente pelo

 que pensávamos na ocasião, sentimos o nosso corpo estremecer.

       De acordo com o modelo do EMDR, diríamos que tal evento foi processado de forma

 inadequada, e isso afeta nossas percepções e ações do presente, quando semelhantes àquelas

 vividas, de modo que provoca sensações, pensamentos e ações involuntárias, semelhantes ao

 padrão daquelas experenciadas na época em que o evento ocorreu. Reagir com negatividade à

 autoridade, aos grupos, às novas experiências, pode ter relação com as memórias que

 carregamos do passado.

       Quando a vivência de um evento é processada de forma adequada, lembramos dele, mas

 não experimentamos as velhas emoções e sensações no presente. Somos orientados - em vez

 de controlados - por nossas lembranças e temos mais escolhas em relação ao que esperar do

 futuro.

       Existem situações, quando a dor de uma vivência traumática foi forte demais para o

 psiquismo da pessoa, em que ela dissocia para se proteger daquilo que não suporta lembrar,

 reprime de tal forma, que nem ela percebe que as memórias seguem produzindo estragos. A

 pressão, os efeitos daquelador associada à memória, nas suas crenças limitantes, seguem

 interferindo, de modo automático,sem que ela se dê conta sozinha, e, assim, ela necessita de

 ajuda terapêutica.

      Uma pessoa pode ficar bloqueada na perspectiva da infância e perceber o presente de um

 ponto de vista semelhante de desvantagem, falta de segurança ou falta de controle, só que a

 realidade mudou desde quando os fatos traumáticos aconteceram e o cérebro da pessoa

 traumatizada pode não ser capaz de perceber nem assimilar isso.

     O terapeuta EMDR pode, portanto, identificar os eventos que foram armazenados de forma

disfuncional, que atrofiam e distorcem as percepções presentes do cliente, e auxiliar no

processamento destes, ajudando o cliente a metabolizar os estressores.

       Em estudos controlados de TEPT (Transtorno de Estresse Pós-traumático), realizados com

 pessoas que se submeteram à terapia EMDR, os indicadores de autoeficácia e bem-estar

 aumentaram, enquanto que a depressão e a ansiedade diminuíram.

       Embora em alguns casos, os efeitos possam surgir de modo imediato, em outras situações

 pode demorar mais e, em alguns casos, pode não se aplicar. Enquanto pessoas, somos seres

 complexos e muitas variáveis podem interferir, além da genética, da personalidade e dos

 ganhos secundários que  obtemos ao nos acomodar numa situação.


terça-feira, 4 de outubro de 2022

 

Para que fazer terapia?

                            Adriana Cerato Germann

     De tempos em tempos, aparece alguém buscando terapia para aumentar o autoconhecimento.  Logo começam aparecer as queixas, que costumam esconder desejos.  Quando algo ruim nos acontece, ainda não está determinado se permanecerá ruim, vai depender do que faremos a partir dele.   Alguma reciclagem no padrão do nosso modo de ser ou de reagir?  Alguma descoberta proporcionada por uma nova conexão do cérebro?

     Cada sessão de terapia pode ser uma aventura, que por vezes começa com uma coisinha e revela um manancial de energia psíquica que estava soterrado e, a partir daquele momento, fica disponível para novos investimentos em felicidade.

     Já houve pesquisa constatando a relação positiva entre pessoas mais felizes e longevidade. Entre pessoas capazes de quebrar a continuidade do estresse com criatividade, riso, espontaneidade e prazer.

     Alguns acreditam que não são capazes de mudar e buscam explicações para comprovar essa crença.  E têm razão no que dizem, porque uma crença é autoalimentada, autorreforçada e, portanto, está fadada a permanecer.  Tendemos a realizar aquilo no qual acreditamos e isso pode afetar a nossa percepção da realidade. Podemos não atinar para as  evidências de que novas oportunidades se aproximam e se afastam continuamente.  

     As nossas conclusões a respeito de tudo podem estar embasadas em traumas, que, enquanto não forem reprocessados, manterão nossas crenças limitantes congeladas em algo que já passou. Aconteceu quando éramos crianças, ou outro período,  mas seguimos justificando as dificuldades  a partir delas, recontando e revivendo uma história que não existe mais.  Um padrão.

     Algumas crenças são transmitidas de modo transgeracional, em forma de herança inconsciente, às vezes resultantes de traumas que as gerações anteriores viveram.  Os personagens da vida atual podem não ter idéia prática a respeito, mas se comportam como se eles próprios tivessem vivido.   Em muitos casos, se não houver terapia, os desígnios continuarão a ser repassados para as gerações seguintes.

     É isso que a terapia faz, liberta as pessoas de antigos padrões, que elas não querem mais carregar dentro de si, tais como acreditar, de modo profundo e rígido, que, por mais que se esforcem não alcançarão os resultados que gostariam. “Não sou capaz”, “não consigo”,  “tenho dedo podre”. É difícil perceber tudo isso quando estamos dentro do problema, mas podemos, mais adiante, sentir gratidão pelos sintomas, por terem nos perturbado o suficiente para buscarmos ajuda.

     Vivemos num dos melhores períodos em termos de quantidade de recursos para facilitar o nosso desenvolvimento.   A presença de um terapeuta especializado que acompanha e espelha para o cliente o que está acontecendo no seu processo pessoal, que lhe oferece as mais avançadas técnicas para alcançar seus objetivos e  reprocessar seus obstáculos, aliadas à sua presença segura,  fortalece a autoconfiança, e, assim,  ele pode começar a receber feedbacks mais positivos do mundo.